terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O menino que sorriu

Chegou de repente em uma noite de um verão qualquer. 
Não lembro quando. Não lembro onde.
Nome algum passa pela minha cabeça. Idade então, não memorizei. 
Um jeitinho simplório. Nem seus trejeitos, nem suas roupas chamavam a atenção. 
Descrição parecia andar de mãos dadas com ele. Seu andar por sinal era único. 
Um jeito menino... Meio malandro... Jeito moleque.
Camuflado no meio de tudo e todos. Não parecia o homem que era. 
Parecia mesmo um menino. 
Talvez, por conta daquele menino que carregava dentro de si.
Um menino que brilhava forte em seus olhos. 
Mas nada disso me cativou de verdade. 
Aquele menino, na inocência de seu ser,  me cativou de outra forma.
Aquela boca cheia de dentes. 
Popularmente conhecido como sorriso. Ah... Aquele sorriso...
Visto por qualquer pessoa sem um misero esforço. 
A dimensão dele seguia de uma orelha a outra.
Não deixava a desejar em brilho, e a simpatia transbordava por ele. 
Cativante, sem dúvida.
Não consegui pensar em mais nada o resto da noite.
Fiquei hipnotizado, confesso.
Maldito fraco que tenho por sorrisos.
Não fosse por isso, talvez eu conseguisse esquece-lo.
Talvez conseguisse dormir as noites que se seguiram. 

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Desabafo indireto de um jogador.


Sorte ou azar? Destino? Estratégia? 

Um dia cheguei apostar algumas de minhas fichas em você. Não foram todas. Sou um jogador. Não me arrisco por completo em jogo nenhum. O risco de perder era grande e eu sabia. Sempre soube. Louco seria se apostasse tudo o que tinha em você. Para minha sorte, não estava enganado. Fui prudente.  Perdi as fichas que apostei. 

Vi e ainda vejo coisas em ti, que ainda me fariam apostar novamente. Mas você e eu somos participantes de jogos diferentes. A vida brinca comigo e com você de formas que só ela entende. Talvez por ser ela que dá as cartas nessa mesa, que você e eu hoje seguimos rotas distintas. Distintas, mas paralelas. 

Eu diria que prefiro assim. Você lá, e eu cá. Mas seria um mau perdedor se o fizesse. Queria-te aqui. Dando as cartas junto comigo. 

Vejo que o tabuleiro da vida é enorme. A cada quadradinho avançado, uma nova descoberta e uma nova aposta foi feita. Os dados do destino foram lançados e nossas rotas se cruzaram. Mas é o jogo da vida. E nesse jogo, nem você, nem eu, temos controle. A sorte aqui, é mera coadjuvante.

As conquistas nesse jogo vão além de cartinhas para trocas, ou de moedinhas cumulativas. 
A vida esfregou na minha cara, que conquistas vão além de coisas palpáveis. 

E nesse jogo de perde e ganha, eu me considero um vencedor. Mesmo tendo saído sem o maior prêmio. Você. Saí com bagagem para a vida. Experiência para o próximo jogo. 

Sem dúvida, quando a vida me convidar novamente para jogar o ardiloso jogo da paixão, eu estarei dois passos a frente do que estava quando comecei a jogar com você. Minha estratégia será diferente. E quem sabe assim, finalmente, eu saia vitorioso e com o prêmio máximo. Um amor. 

Será que nesse jogo cheio de altos e baixos, cheio de adrenalina e de lições para a vida toda, outras coisas valem mais que as experiências adquiridas? 
Essa é uma pergunta que acho que só poderei responder na próxima partida. 

Na roleta russa que você e eu nos enfiamos, não havia uma bala, mas duas. Uma para mim, e uma para você. Eu ganhei a minha e sai do jogo. E você, ainda fica brincando de rodar o tamborete e atirar as cegas?